Somos uma Nação extraordinária. A cada dia entramos na onda e celebramos a data. Dia do Beijo ... Dia do Índio ...  Dia do Abraço ... Dia do Amigo ... Dia disso, dia daquilo. Tem dia pra tudo.
Ontem, 21 de abril, celebramos a memória de Tiradentes num feriado nacional.  Amanhã, 23, no Rio de Janeiro, novo descanso de trabalho em reverência a São Jorge. Feriado estadual para os fluminenses. 
Nada contra ... Só uma constatação ... quatro dias de paralisação dos negócios num Estado com sua economia sabidamente combalida. Que o digam os aposentados e pensionistas do Governo estadual, penalizados com a suspensão do pagamento de seus benefícios até quando o caixa do erário permitir ... ou Deus quiser. Condenados a pagar por um crime que jamais cometeram. O  crime com a má gestão dos recursos públicos, com o inchaço da administração, com a falta de investimentos produtivos e daí por diante.
E hoje? Ah, nesta sexta-feira, 22 de abril, temos a locução da Presidente do Brasil na Assembleia das Nações Unidas, em Nova York. Também é o Dia da Terra. E também o Dia da Comunidade Luso-Brasileira. Efemérides importantes, sem dúvida alguma. Mas .... falta algo? me parece que sim. Sinto falta, sim, confesso!
Somos uma Nação extraordinária, repito. Mas com características culturais no mínimo incomuns. 
Nosso País talvez seja o único (ou um dos poucos ...) que tem associado seu nome a uma espécie natural, a Caesalpina echinata - o Pau-Brasil. O que fizemos com esta árvore leguminosa característica da Mata Atlântica? Quase a levamos à extinção. E, com exceção de alguns poucos brasileiros, nos lixamos ... Isso mesmo! Desde 2004 o Pau Brasil consta na lista oficial das espécies da flora BRASILeira ameaçada de extinção.http://www.brasil.gov.br/governo/2012/09/criado-programa-que-ira-promover-acoes-estrategicas-para-preservar-do-pau-brasil  E se acabar o Pau Brasil? Para alguns, tanto faz, tanto fez ... e o que seremos no futuro? Para alguns outros, tanto faz, tanto fez.
Para outros, entretanto, faz muita diferença. E, por isso, nem tudo está perdido. Nem a árvore nativa, nem o País!
Tenho o hábito de plantar árvores, que batizo carinhosamente como "Árvores da Amizade", inspirado na atitude do advogado estadunidense Paul Harris, fundador do Rotary. Faço a opção por duas espécies: Pau Brasil e Ipê (este último, a árvore símbolo do Brasil  (Lei 6.607/1978). Faço a minha parte .... Conscientemente faço.
Nem por isso me sinto como um beija-flor acabando com o incêndio na floresta com gotas d´água. Me sinto, isso sim, um semeador, lançando sementes no solo fértil da mente de meus semelhantes com minhas atitudes e reflexões.
Mas e quanto à data? Ah, bom ... voltando à prosa (como se diz nas Minas Gerais, uai sô!), hoje tem algo mais a ser celebrado. É verdade! Mas quase sem ser mencionada pelo noticiário, ou pelas pessoas. Nem mesmo feriado é (ainda bem, nesse sentido).
Hoje é o Dia do Descobrimento! Isso mesmo, DIA DO DESCOBRIMENTO DO BRASIL. Assim aprendemos no curso primário (ou no ensino básico, como nos dias de hoje).
Como é de meu costume (além de plantar árvores) associo o meu dia-a-dia a músicas e poemas. Hoje um mineiro, Ary Barroso, inspira este texto, na interpretação magistral do saudoso Emilio Santiago: https://www.youtube.com/watch?v=7k7mXidoTXQ 
Brasil, meu Brasil brasileiro
Meu mulato inzoneiro
Vou cantar-te nos meus versos
O Brasil, samba que dá
Bamboleio que faz gingar
O Brasil do meu amor
Terra de Nosso Senhor
Brasil pra mim
Pra mim, pra mim
Ah! abre a cortina do passado
Tira a mãe preta do cerrado
Bota o rei congo no congado
Brasil, pra mim
Deixa cantar de novo o trovador
A merencória luz da lua
Toda canção do meu amor
Quero ver essa dona caminhando
Pelos salões arrastando
O seu vestido rendado
Brasil pra mim
Pra mim, pra mim!
Brasil, terra boa e gostosa
Da morena sestrosa
De olhar indiscreto
O Brasil samba que dá
Bamboleio que faz gingar
O Brasil do meu amor
Terra de Nosso Senhor
Brasil pra mim
Pra mim, pra mim!
Oh, esse coqueiro que dá coco
Onde eu amarro a minha rede
Nas noites claras de luar
Brasil pra mim
Ah! ouve estas fontes murmurantes
Aonde eu mato a minha sede
E onde a lua vem brincar
Ah! esse Brasil lindo e trigueiro
É o meu Brasil brasileiro
Terra de samba e pandeiro
Brasil pra mim, pra mim, Brasil!
Brasil pra mim, pra mim, Brasil, Brasil!
Pedro Alvares Cabral. Nós, o povo brasileiro de boa memória, o reverenciamos nesta data. Reverenciamos os inigualáveis navegantes portugueses que nestas terras fincaram o Padrão do Descobrimento nos emprestando a sua singular unicidade, que nos permite sermos hoje o País continental que somos. Reverenciamos esse idioma que guardamos, junto a seus criadores - os lusitanos - e com o qual bradamos aos sete ventos: brava gente, brasileira, parabéns ... do universo das nações, resplandece a do Brasil.
Sim, hoje é o DIA DO DESCOBRIMENTO DO BRASIL, país que se redescobre nestes dias do ano a graça de 2016. Que consolida a sua democracia. Que abre suas entranhas para delas expurgar as exceções dos desvios de conduta, fazendo aflorar os que elevam seu nome pelo trabalho árduo com ética e dignidade.
Vem, Cabral, à nossa memória e nos inspira a RE DESCOBRIR este solo fértil e gentil, onde se plantando tudo dá!