domingo, 20 de janeiro de 2019

No Dia do Padroeiro, um Alento no Rio de Janeiro

Sobre o Padroeiro – Dia 20 de janeiro é consagrado ao Padroeiro da Cidade do Rio de Janeiro, São Sebastião. Nascido em Narborna, França, ao final do Século III d.C. Sebastião logo cedo terá migrado com a família para Milão, região dominada pelo Imperador Diocleciano, que considerava os cristãos inimigos do Estado.
Com aproximadamente 27 anos de idade fez-se soldado em Roma. Designado Capitão da Guarda Pretoriana, tinha o hábito de fazer visitas aos cristãos presos que lutariam no Coliseu com gladiadores, levando-lhes alento com sua presença para enfrentar o infortúnio que os aguardava. Denunciado ao Imperador por sua prática, foi condenado à morte por flechadas que lhe seriam desferidas para sangrar até perder a vida.
Conta a lenda que os soldados, ao cumprirem a pena, mas simpatizantes do Cristianismo incipiente, fizeram o seu trabalho sem que as flechadas alcançassem partes vitais do corpo do condenado, o que possibilitou que mulheres, lideradas por Irene (esposa do mártir Castulo), na calada da noite, procurassem dar sepultura ao corpo de Sebastião que, para surpresa destas, ainda vivia. Daí, Sebastião foi levado clandestinamente para ser tratado. Restabelecido,  voltou a pregar abertamente o Cristianismo sendo novamente condenado por Diocleciano, desta vez à morte por espancamento, com seus restos mortais jogados no esgoto para que jamais fosse venerado. Era o ano de 287 d.C. quando uma mulher de nome Lucina,  tomou a iniciativa de sepulta-lo nas catacumbas.
No ano 400 o Imperador Constantino, convertido ao Cristianismo, mandou erigir uma Basílica sobre as Catacumbas.
Foi Estácio de Sá que, cumprindo ordens de seu tio Mem de Sá, quem instituiu o padroado de São Sebastião ao fundar a nova cidade do Rio de Janeiro, em homenagem ao Rei de Portugal, Dom Sebastião.
Sobre o alento – Sobrevivente da guerra urbana do Rio de Janeiro, ao ser vitimado por um tiro desferido por um assaltante nas imediações do Estádio do Maracanã  em 15 de julho de 2017, sempre me empenhei em ações que concorram para a melhoria da qualidade de vida em todas as suas manifestações.
Assim ajo como membro do Rotary da Tijuca, em particular, ao dedicar parte significativa de meu tempo como voluntário no desenvolvimento de projetos humanitários e, como teria que ser, às ações que concorram para a segurança, a educação e a saúde da população.
Foi nessa direção que subi, na companhia do arquiteto e companheiro em Rotary Luiz Fernando Pinto, a rua de acesso à comunidade da Formiga, na Tijuca, logo que ali foi implantada uma das primeiras Unidades de Policia Pacificadora, projeto governamental que se mostrava como uma possibilidade de diminuir a abissal distância social entre as comunidades do morro e do asfalto.
Sua primeira Comandante, a então Capitão (hoje Major) Alessandra Carvalhaes, foi receptiva àquela iniciativa de tal sorte que acabei encarnando a figura de Papai Noel, percorrendo todas as ruas da Formiga em carro aberto dos Bombeiros Militares, distribuindo presentes às crianças num Natal inesquecível. Naquela época, o projeto UPP parecia ser uma saída para o graves problemas de desigualdade social.
Com o passar dos tempos, e a ausência das ações que caberiam a outros entes sociais (Prefeitura, Correios, Bancos, etc.) em complemento à Polícia Militar, o que se viu foi o desgaste daquele projeto, o fechamento de Unidades de Pacificação e o recrudescimento das questões de segurança pública na Cidade do Rio de Janeiro.
A violência urbana voltou a grassar por estas bandas. Triste realidade. A sensação de insegurança voltava a assustar os moradores, reduzir a atratividade para novos investimentos imobiliários, desinteressar empreendedores. Nesse quadro, eu fui uma das certamente muitas vítimas que sequer faz parte das estatísticas divulgadas pela imprensa. Deixei de fazer parte daqueles cuja imagem do rosto vai para a camiseta dos amigos. Ainda bem!
Alguns me perguntam qual o meu sentimento pelo meu algoz e a resposta é aquela que me veio ao coração no momento em que o vi diante de meus olhos, na garupa de uma moto, capacete levantado, rosto à mostra, com sua arma apontada para o meu tórax: Piedade e Compaixão. Sim, esses são os meus inabaláveis sentimentos desde então. Entendo que ele agia com um soldado, seguindo ordens. Já para os que o levam a seguir essa triste trilha, meu sentimento é de confiança na Justiça, desejando que os corruptos e ambiciosos desmedidos, cumpram suas longas penas em presídios comuns, afastados das regalias as quais estavam acostumados quando no poder.
Vida que segue … A partir de 2 de janeiro de 2019, a Tijuca ganha a sua equipe de um novo projeto que se espalha pela Capital Fluminense: um grupo de policiais militares, comandado pelo Major Hora, passa a se fazer presente no bairro,  em perímetro onde se concentra o polo de comércio desta importante zona de grande circulação de transeuntes.
Uma espécie de policiamento de proximidade para uma área limitada, é verdade. Mas um  alento para o cidadão.
Hoje pela manhã, um Domingo ensolarado, ao passar pela principal artéria da Tijuca, me deparei com dois Policiais Militares trajando o colete que os identifica como membros da equipe Tijuca Presente, caminhando pela calçada, fazendo o patrulhamento que nos garante o direito de ir e vir sem sermos importunados.
Relembrando os tempos da UPP da Formiga, percorri com o meu carro as vias próximas e ao chegar à Praça Varnhagem, lá encontrei outros três Policiais: Moura, Emerson e Costa (foto)
em suas bicicletas da patrulhamento, vigilantes, garantindo que oportunistas se afastassem naturalmente devido às suas presenças.
No Dia do Padroeiro, um novo alento para a população carioca que merece ser respeitada e ver o retorno da ação das autoridades constituídas. O projeto Segurança Presente, hoje, alcança algumas localidades. O Governo do Estado deve ser incentivado a expandir sua abrangência para outras áreas que venham a ser igualmente beneficiadas.
Que a sociedade atendida se manifeste em apoio e motive seus governantes a fazerem a parte que lhos toca.