domingo, 20 de setembro de 2020

Meio Ambiente - Um Mundo de Oportunidades


Paulo Viriato Corrêa da Costa está vivo entre nós. Seu legado o perpetua!

Em 1990 um empresário brasileiro, de Santos – Paulo Viriato Correa da Costa, ocupava a presidência mundial de Rotary International. Era o terceiro brasileiro (e último até este momento) a ocupar esta mais destacada função desde 1905.

A época antecedia a segunda Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – a CNUMAD que aconteceria no Rio de Janeiro 20 anos após a Conferência de Estocolmo, na Suécia.

Cabe ao Presidente de Rotary International estabelecer a prioridade para o seu ano e definir, em síntese, como gostará de ver trabalhando os clubes do mundo inteiro. Assim, Paulo Viriato concebeu, propôs, aprovou e implementou durante sua presidência o Programa Preserve o Planeta Terra.

Foi Paulo Viriato quem trouxe para o Aterro do Flamengo, em 1992, a grande tenda do Rotary durante o Fórum Global, organizado simultaneamente à CNUMAD, o primeiro consagrando a reunião da sociedade civil de todos os continentes, enquanto a segunda, promovida pelas Nações Unidas, reunia chefes de estado e representantes oficiais de 170 países.

Foi Paulo Viriato, com seu paletó verde, e seu hábito espontâneo de plantar Árvores da Amizade, quem fez desabrochar nos corações e mentes dos Rotarianos de todo o Mundo a atenção para com o tema ambiental ao afirmar “Somos os herdeiros da Terra e a nós cabe defendê-la, protegê-la e preservá-la não só para nós mesmos, mas para nossos filhos e para os filhos de nossos filhos“. ¹

Paulo Viriato Correa da Costa, brasileiro. Um visionário!

Sempre interpretei o Programa que esse Companheiro nos legou como “Preserve a Natureza”

Natureza que gera, cria e cuida das muitas espécies de vida que concebe em seu ventre generoso e fértil. Gaia, Géia, Pacha Mama, Mãe Terra.


Pachamama imagem colhida em https://www.iquilibrio.com/blog/espiritualidade/xamanismo/pachamama/

Segundo Ana Paula Malagueta: “Em muitas tradições ao longo dos tempos, encontramos referências à Mãe Terra, em seus mais diversos nomes, representando a fertilidade, a maternidade e a criação, o grande ventre sagrado de onde viemos e para onde iremos retornar quando deixarmos a nossa existência atual. A Mãe Terra é aquela que sustenta tudo que existe, todos os seres e toda sua criação, em diferentes cores, saberes, texturas, cheiros e formatos, conforme mostra sua grandeza por meio das diferentes estações. Conectar-se e reconhecer a Terra como nossa mãe traz senso de reverência aos que recebemos dela, sua nutrição e seu acolhimento. ²

Dentre as incontáveis espécies de vida geradas por Gaia, a Terra Viva (segundo James Lovelock), a humana é uma das mais recentes. Mas, curiosamente, o ser humano se distingue de tantas outras vidas e, por ter a capacidade de raciocinar, de receber, processar e transmitir informações, considera-se como uma espécie superior, capaz de agredir e matar uns aos outros, e de produzir impactos negativos e inacreditáveis à Natureza.

O ser humano é capaz, por exemplo, de ignorar fatos científicos irrefutáveis com duas únicas palavras como “Não acredito.” Com estas palavras o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, derruba 1.656 páginas de um relatório que detalha os devastadores efeitos da mudança climática para a economia, a saúde e o meio ambiente. Pouco ou nada importa ao mandatário que o estudo seja respaldado por 300 cientistas de 13 agências federais, e que sua preparação seja uma exigência legal. (El Pais 2018, nov 27 ³

O Homem ignora que sua vida é resultado do seu convívio harmonioso com a Terra que o alimenta, que o supre de ar e água e de todos os recursos necessários para seu desenvolvimento e da sociedade que integra.

Há 8 anos o Rotary International decidiu adotar áreas de enfoque para direcionar recursos da Fundação Rotária e criar vínculos internacionais, melhorar a qualidade de vida e construir um mundo mais pacífico:


(1) Paz e resolução de conflitos;

(2) Prevenção e tratamento de doenças;

(3) Água e saneamento;

(4) saúde materno-infantil;

(5) Educação e alfabetização; e

(6) Desenvolvimento econômico e comunitário.



A partir de 2021, uma sétima área de enfoque se somará a estas

(7) apoio ao meio ambiente.

Novidade alguma. Trinta anos depois do Programa Preserve o Planeta Terra Rotary conclui que uma grande maioria de jovens privilegia as organizações que se dedicam a apoiar e implementar projetos na área ambiental.

O Rotary se envolveu no combate à poliomielite desde 1979 quando Rotary Clubs decidiram comprar e distribuir a vacina antipólio a mais de seis milhões de crianças nas Filipinas. Dai vindo a ser reconhecido, mais adiante, como parceiro de destaque da Organização Mundial da Saúde na erradicação dessa doença pelo Programa End Polio Now. Por bom senso institucional, parece-me (e aqui ressalto tratar-se de um ponto de vista pessoal) se aproximar o momento de dar por concluído este desafio, encerrando esse nobre projeto humanitário.

Em minha visão pessoal, a sétima área de enfoque, então, surge como um farol a direcionar o rumo futuro dos esforços de Rotary: a preservação ambiental. Um projeto sem prazo de finalização. Um projeto perene a unir todos os voluntários de Rotary por todos os Continentes em torno de uma causa nobre e de inquestionável valor para a vida, para a paz e para a compreensão, causa capaz de unir mais de 1.191.mil  pessoas em ação sob a bandeira de Rotary.

Neste Sábado, 19 de setembro, fui convidado a colaborar com o Seminário virtual interclubes intitulado: Rotary e Meio ambiente – Um Mundo de Oportunidades, organizado pelos Rotary Clubs de Belém – Sul, Santarém – Vitória Régia e Balneário Camboriú, desenvolvendo o tema Paulo Viriato Corrêa da Costa – Um Homem de Visão, 4  do qual resulta este texto.

Em conclusão às palavras que proferi firmei minha visão que aqui resumo:

– O apoio ao Meio Ambiente pode sinalizar a direção no sentido da qual Rotary poderá canalizar esforços após o encerramento, no momento próprio e próximo, do programa mundial de combate a poliomielite;

– Os 32.679 Rotary Clubs atuantes em 218 países ou regiões podem, desde já, empreender esforços no sentido de promover ações de educação ambiental em suas áreas de atuação, ações essas transformadoras e duradoras, independente de projetos de maior envergadura que venham a ser implementados;

– A sétima área de enfoque do Rotary e da Fundação Rotária – Apoio ao Meio Ambiente – deve ser saudada e merecer o empenho de toda a comunidade rotária como a revitalização do programa Preserve o Planeta Terra, concebido em 1990;

– As 7 Áreas de Enfoque devem ser vistas em associação aos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas e observadas dentro do mesmo horizonte temporal até 2030;

– Paulo Viriato Correa da Costa deve ter sua memória perpetuada em logradouros públicos (como em Santos, Jacaréi e Taubaté), em meios virtuais como o verbete com seu nome na Wikipédia ,5como o faz o Instituto que leva o seu nome – o IPVCC 6, e a Academia Brasileira Rotária de Letras – ABROL Nacional 7 e sua Seccional ABROL – Cidade do Rio de Janeiro ao consagrar seu nome como Patrono das Cadeiras 8 e 5 respectivamente.

Diz-se que o homem é a soma de suas memórias e legados; da mesma forma, as organizações são a soma de seus próceres de gerações passadas, de seus legados, e das ações das gerações presentes.

Em Rotary, qualquer que seja a cultura, o País, o idioma, Preservar a Natureza tem nome, sobrenome e nacionalidade.

Paulo Viriato Corrêa da Costa, brasileiro, com muita honra!


 

 

¹ http://www.rotary4420.org.br/1415/pg.asp?id=50

² https://www.personare.com.br/mae-terra-a-energia-maxima-do-feminino-entenda-a-historia-de-pachamama-m51011

³ https://brasil.elpais.com/brasil/2018/11/27/internacional/1543283242_634443.html

4 https://www.yumpu.com/pt/document/read/64233864/rotarymeioambiente

5 http://www.ipvcc.org.br/planeta_terra.htm

6 https://www.abrol.org.br/os-academicos

 7 https://pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_Viriato_Corr%C3%AAa_da_Costa

segunda-feira, 20 de julho de 2020

Dia do Amigo - o legado de visionários

Em 1969, no dia 20 de junho, pessoas por todo o mundo, algumas incrédulas, outras eufóricas, assistiam pela televisão a alunissagem do módulo lunar Eagle, da missão espacial estadunidense Apolo 11. A bordo dois astronautas: Neil Armstrong e Buzz Aldrin, enquanto Michael Collins permanecia na nave de comando.
O engenheiro aeroespacial, aviador naval, piloto de teste, astronauta e professor Neil Armstrong, nascido em Wapakoneta, Cincinati, EEUU, em agosto de 1930, aos 38 anos de idade iria para a História, ao tornar-se o primeiro ser humano a pisar em solo lunar. Após seu feito histórico, e diante de suas muitas ocupações, o Rotary Club de Wapakoneta, sua cidade natal, lhe outorgou o título de Associado Honorário vitalício, tornando-se, após a sua aposentadoria, um companheiro ativo e destacado em todo o Mundo. (¹)


Neil Armstrong, Buzz Aldrin e Michael Collins – arquivo Nasa
O pouso da Eagle suscitou muitas e diferentes emoções. Por exemplo, na série The Crown, para a Netflix, Peter Morgan, produtor executivo da obra, retrata no sétimo episódio da 3ª temporada – Poeira Lunar, o entusiasmo (e a frustração) do Príncipe Philip, Duque de Edimburgo, quando, durante a vista dos astronautas ao Palácio de Buckingham, ele solicita, na ficção do autor, uma reunião particular com os astronautas, que o deixa decepcionado ao perceber que são apenas jovens regrados, e não grandes aventureiros. (²)  
Uma outra repercussão, esta na vida real, foi protagonizada pelo professor e médico argentino Enrique Ernesto Febbraro que teve o insight de enviar cerca de quatro mil cartas para diversos países e idiomas com o intuito de instituir o Dia do Amigo, pois considerava que a partir deste dia não haveria mais fronteiras e que, se os homens se unissem, não haveriam objetivos impossíveis. Febraro foi associado ao Rotary Club de San Cristóbal. Sua iniciativa está consagrada em Buenos Aires, em placa de bronze afixada na lateral da entrada do Tostado Café Club, Corrientes 994 (³), em ponto nobre, em frente ao Obelisco da Capital portenha, com os seguintes dizeres: “Homenaje al: Dr. Enrique Febbraro, Ciudadano ilustre, Maestro de juventudes, creador y sostenedor del 20 de julio como Dia Internacional del Amigo, de la: Associación Amigos de la Avda Corrientes, 1995


Foto de 2011, jan 1º – Joper Padrão

O destino conectou duas pessoas excepcionais em torno de um valor que o Rotary enuncia como relevante: Companheirismo e compreensão mundial, incentivando os Rotarianos a construírem relacionamentos vitalícios. Nesse contexto, o Dia do Amigo se destaca, levando as pessoas a celebrarem pelas mais diversas formas as suas fraternas relações.
A amizade para os Rotarianos remonta aos primórdios da organização, quando o advogado Paul Percy Harris, o fundador, adotou a prática de promover o plantio de árvores por onde passava levando a mensagem de constituição da então entidade em fase de expansão mundial, que ele denominava “Árvores da Amizade”.
No outono de 1932 no Hemisfério Norte, Paul passou cinco semanas visitando clubes na Europa e plantando suas árvores da amizade pelo caminho. 
“Na quarta-feira de manhã plantei minha primeira árvore da amizade em solo europeu. É interessante que esta primeira árvore tenha sido plantada na Alemanha, justamente em Berlim, em uma praça para prática de esportes que foi usada para os propósitos da guerra. Estiveram presentes na ocasião um grande número de rotarianos, representantes do governo e outras pessoas.” 


Paul Harris plantando uma Árvore da Amizade em Lakeland, nos EUA, em 1942.
Desde então, os rotarianos têm plantado árvores em nome do companheirismo e da amizade, e pelo prazer de servir à comunidade. Estas árvores, encontradas em diferentes partes do mundo, são um testemunho duradouro dos ideais rotários. (4)
O gesto de Paul Harris vem sendo seguido ao longo dos tempos por Companheiros em Rotary espalhados por todos os Continentes. Em 1992, o então Presidente de Rotary International, Paulo Viriato Correa da Costa, do Rotary Club de Santos, plantou Árvores da Amizade por onde passou consolidando o seu legado, o Programa Preserve o Planeta Terra.
Eu próprio, quando Governador do Distrito 4570 de Rotary International em 2001-2002, quando das visitas oficiais aos 67 Rotary Clubs atuantes na Capital do Rio de Janeiro, Cidades da Baixada Fluminense e Petrópolis – a Cidade Imperial, fui presenteado com o plantio de Árvores da Amizade em locais públicos e na companhia de estudantes, educadores e pessoas das comunidades visitadas. Gesto mais que simbólico; uma atitude de civismo, socialização e educação ambiental. Tudo junto e misturado em nome da Amizade.
Louvados sejam os visionários que, como os companheiros Neil Armstrong e Enrique Ernesto Febbraro, acreditam na força de seus atos e perseveram em seus projetos de vida. Louvados sejam os que vierem a semear em solo fértil, para a posteridade, legados semelhantes ao Dia do Amigo. Louvados sejam os que plantam suas Árvores da Amizade por todas as plagas de Gaia. Louvados sejam!



domingo, 24 de maio de 2020

Pensamentos, palavras e ações individuais constroem no presente o futuro da Sociedade


Tenho participado de inúmeras reuniões virtuais, boa parte delas a convite dos organizadores para contribuir com palestras sobre temas que têm sido motivo de minhas reflexões. Essas reuniões são organizadas por diferentes grupos sociais: entidades voltadas a projetos humanitários (como Companheiro, participo de reuniões de Rotary Clubs de várias partes do Brasil), de entidades associativas (ABES e ADESG são exemplos), movimentos acadêmicos (Veredas para o Futuro agrega valor extraordinário), e grupos de afinidades (os Líderes Multidimensionais tem feito rodadas de reflexões muito proveitosas).

Em paralelo, participo de grupos pelo Whatsapp em que pessoas dialogam por meio virtual. Trocam informações, veiculam mensagens, coisas do cotidiano. Cada um desses grupos é formado por um foco comum (por exemplo, as questões de segurança do bairro em que se reside), ou por uma organização de origem (como a entidade que reúne ex alunos de algum curso), ou por afinidades (os grupos familiares aqui se enquadram). Enfim, como propõe a modernidade das redes de relacionamentos.

Se decido aceitar a participação, procuro estar atento a toda a dinâmica e interagir sempre que sinto a capacidade de agregar algum tipo de contribuição, por mais modesta que seja.

As especulações sobre o dia de amanhã, e sobre o futuro de um modo geral tem sido tema recorrente. Eu próprio tenho instigado alguns desses grupos a tratar sobre o que eu venho denominando desde o início da Pandemia (e hoje assim dito, também, por muitos outros, inclusive pela grande mídia) como o “novo normal”. Cenários são traçados. Especulações são estabelecidas. Futurologia? Vontade de ver o mundo diferente? A questão que persiste é: o que é possível fazer, hoje, já que, segundo Mahatma Gandhi, “existem dois dias do ano em que não podemos fazer nada: o ontem e o amanhã.”

Hoje, o que posso fazer é agir, estar informado, aberto a capitar conhecimento consistente oriundo das mais diferentes fontes. Processar, analisar, fazer deduções e acima de tudo, me posicionar, sem medo de expor meus pontos de vista, de fazer como o semeador que espalha sementes sabendo que aquelas que repousarem em solo fértil germinarão e, a seu tempo, serão como árvores frondosas, que com generosidade produzirão bons frutos.

A velocidade dos acontecimentos, especialmente no Brasil, nos faz compreender que passamos por um Tsunami em que ondas gigantescas se sucedem. Até aqui eu vinha afirmando identificar 3 grandes ondas: a sanitária (que afeta a saúde de todos os seres humanos, sem distinção); a econômica (que coloca em cheque o sistema financeiro mundial concentrador de renda até aqui vigente), e a social (que escancara as discrepâncias propiciando até mesmo o risco de convulsões, dependendo do rumo que a economia se comportar e as distâncias de condições de vida em cada região).

Agora, aqui em terras brasileiras, fica evidente a formação de uma quarta onda: a política, fruto dos desacertos e das exacerbações por parte de personalidades da cena pública que, com desatinos e imprudências, parecem colocar em risco a estabilidade democrática.

Nessa quarta onda – a política, como é de sua origem, manifestações de adeptos deste ou daquele ator manifestam suas opiniões. Até aí, tudo bem. Faz parte do processo democrático. A diversidade de opiniões, tendências e pontos de vista é positiva. Contudo, pessoas de bem, que fazem uma sociedade que busca superar os seus desafios e construir o futuro pelas atitudes cotidianas, devem comportar-se com o decoro esperado de cidadãos que desejam, de fato, fazer a diferença na coletividade. Pensamentos são traduzidos por palavras (ou gestos) e estas levam a ações.

Pensamentos de agressividade, traduzidos em palavras de baixo calão, abrem espaço para a agressão, tenha a forma que tiver. Portanto, o palavreado deve nortear a comunicação entre pessoas de bem. A urbanidade nas relações jamais pode ser deixada de lado. Afinal, somos seres humanos, diferentes dos animais irracionais.

Nem mesmo o uso de palavreado chulo por personalidades deve ser argumento para a sua reprodução em redes sociais, por mais que alguns idolatrem aqueles que adotam esse linguajar em seu dia-a-dia.

Tive a oportunidade de lidar profissionalmente com uma pessoa de valor que se valia desse tipo de linguagem vulgar e imprópria às relações corporativas para impor o personagem que encarnava. Pessoas assim podem até achar que dessa forma impõem a sua posição. Ledo engano. Nem os gritos, nem os palavrões, tão pouco os gestos de agressão convencem. E, pior ainda, quando outros acham que a reprodução dessas atitudes são razoáveis ou acetáveis. Eu sigo o pensamento de Martin Luther King: “Quem aceita o mal sem protestar, coopera com ele.” Por assim pensar, reajo. Reajo em nome do bom senso e da manutenção das boas relações.


Pensamentos, palavras e ações individuais constroem no presente o futuro da Sociedade Façamos com que o novo normal seja promissor. E usemos o melhor do que nos foi ensinado nesse sentido, no sentido de elevar cada vez mais o ser humano como vitorioso em mais um de seus fabulosos desafios como esta Pandemia que o destino nos impõe.

terça-feira, 19 de maio de 2020

O Novo Normal: Como será o amanhã ...


Quanto mais me informo, quanto mais debato com outras pessoas, quanto mais reflito sobre os desafios impostos pela Pandemia, mais me convenço de que a Humanidade está construindo os novos cenários que sucederão os dias atuais. Até dezembro de 2019 todos os povos viviam a normalidade de cada grupo social. De repente tudo se viu impactado pelo novo Corona Vírus e, de repente, o que era normal se transforma abruptamente.
Tenho afirmado que quando o Império Romano ruía, escapava aos romanos de então a compreensão do que acontecia naqueles dias e qual seria o rumo de suas vidas dali em diante. De forma análoga, é possível compreender que as pessoas que estão vivendo a dinâmica da Pandemia 2019 (nós todos, com raras exceções) têm dificuldade de antever como será a nova articulação das sociedades em futuro próximo.
A propaganda de um grande Banco (ainda bem que já foi retirada da grande mídia), na sua campanha institucional intitulada Reinventando o Futuro, afirmava: Até tudo voltar ao normal: e tudo vai voltar ao normal. Reinvente o futuro! (¹) Bacana! Será que o profissional de marketing e dos executivos que a aprovaram acreditavam, de fato, que tudo vai voltar ao normal? De que “normal” estariam tratando???
Segundo o Michaellis - Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa “normal” significa o que é comum e que está presente na maioria dos casos; habitual, natural, usual. (²)  Ora, é evidente que esse período conturbado pelo distanciamento e isolamento social, que atemoriza as pessoas, impacta os negócios, e modifica o status de vida individual e coletiva faz com que profundas mudanças já estejam em curso alterando o que até então era rotina.
Que a vida seguirá o seu curso, isso é certo. Assim foi em todos os grandes desafios com os quais a Humanidade se defrontou e superou. Cinco Eras Glaciais, duas Grandes Guerras Mundiais (estima-se que 55 milhões de pessoas tenham morrido na Europa e na Ásia durante a 2ª Guerra Mundial embora outros pesquisadores calculem em até 80 milhões de mortes) (³), pandemias (a gripe espanhola infectou uma 27% da população mundial em 1918 e matou mais de 100 milhões de pessoas) (4), acidentes naturais (no sismo tsunami de Tohoku, de 2011, quase 15 mil pessoas perderam a vida na catástrofe, que fez mais de seis mil feridos e deixou perto de 230.000 seres humanos sem teto, enquanto 2.562 pessoas ainda estavam dadas como desaparecidas em março de 2015) (5), acidentes de grandes consequências (o Centro Nacional de Pesquisa Médica de Radiação na Ucrânia descreve o desastre de Chernobyl como o "maior desastre antropogênico da história da humanidade" e estima que cerca de 5 milhões de cidadãos da antiga União Soviética, incluindo 3 milhões na Ucrânia, tenham sido afetados pelo desastre daquela Usina Nuclear) (6), só para lembrar algumas das muitas adversidades superadas.
Então é certo que haverá amanhã.  Mas como será esse amanhã, é a pergunta de ouro.
O compositor João Cesar, em 1978, legou ao GRES da União da Ilha do Governador o samba enredo cuja letra merece ser lembrada:
Como será o amanhã,
Responda quem puder,
O que irá me acontecer,
O meu destino será como Deus quiser.
Como sempre o fizemos, estamos escrevendo a cada dia o futuro da sociedade. O desafio é fazer diferente do que foi feito até aqui. Tomar atitudes mais condizentes com o que a ciência e a experiência nos indica ser adequado.
Os jornalistas Rennan Setti e Mariana Barbosa, ouvindo empresários e especialistas, avançam em especular sobre 6 forças que moldam, segundo sua visão, o mundo pós-Pandemia. (7) São elas:
1 Distanciamento e Assepsia  
A necessidade de reduzir os riscos de uma nova pandemia nas proporções da atual aumentará os cuidados com limpeza e contato pessoal
2 Austeridade e Novas Prioridades
As previsões são de uma recessão global sem precedentes este ano. O mundo pós-pandemia será mais pobre e demandará melhor uso dos recursos.
3 Tecnologia e Conectividade  
No cenário de imobilidade global, a internet e outras inovações tecnológicas conseguiram manter atividades econômicas e até acelerar a produtividade.
4 Planejamento Urbano  
O risco sanitário no transporte público e nas periferias pede um novo desenho na infraestrutura das cidades em direção à redução de desigualdades.
5 Responsabilidade Social  
A crise exige das empresas maior compromisso com a segurança dos empregados, mas também com a da sociedade, atuando de forma complementar ao Estado.
6 Capital Humano  
O coronavirus deixará mudanças profundas na realidade econômica e social dos países. As pessoas terão de ser preparadas para essa nova realidade.
Um direcionamento para a construção desse “novo normal” é a Agenda Transformando o Nosso Futuro aprovada pelas Nações Unidas em 2015 com 17 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável a nortearem as ações de todos os atores da sociedade mundial até o ano de 2030. (8)


Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Objetivo 1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares

Objetivo 2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável

Objetivo 3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades
Objetivo 4. Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos
Objetivo 5. Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas
Objetivo 6. Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos
Objetivo 7. Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todos
Objetivo 8. Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos
Objetivo 9. Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação
Objetivo 10. Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles
Objetivo 11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis
Objetivo 12. Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis
Objetivo 13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos
Objetivo 14. Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável
Objetivo 15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade
Objetivo 16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis
Objetivo 17. Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável

E você que prestigia estas reflexões, como pensa que o novo normal será? Contribua com seu importante comentário. Todos serão importantes para a formatação da atitude de cada um para a superação do que nos desafia. Com confiança e perseverança, seremos capazes de construir o futuro, com ação e visão.  Portanto, mãos a obra. Como diz o tijucano Ivan Lins, depende de nós!

Depende de nós
Quem já foi ou ainda é criança
Que acredita ou tem esperança
Quem faz tudo pra um mundo melhor
Depende de nós
Que o circo esteja armado
Que o palhaço esteja engraçado
Que o riso esteja no ar
Sem que a gente precise sonhar
Que os ventos cantem nos galhos
Que as folhas bebam orvalhos
Que o sol descortine mais as manhãs
Depende de nós
Se este mundo ainda tem jeito
Apesar do que o homem tem feito
Se a vida sobreviverá

E a vida sobreviverá!









Imagens colhidas em:

domingo, 3 de maio de 2020

Repensar o que fazer com o Lixo é possível. Gaia agradece!



Quando nasci, minha mãe cuidou de minha higiene lavando inúmeras fraldas de pano todos os dias. O que eu gerava de lixo? Nada. Produzia dejetos que iam para os esgotos. E só! Idos de 1948, há 72 anos atrás.
Fui o terceiro de três filhos, com diferença de 10 anos para minha irmã, a mais velha do trio. Lembro que lá pelos meus 6 ou 7 anos, eu recebia de suas mãos, uma vez por mês, um bilhetinho em papel dobrado. Minha função era levar esse recado escrito até o armarinho com uma certa importância e trazer de volta um embrulho com o troco da compra. O dono do armarinho, um debochado impiedoso, me dizia: lá vai o Modess da mana. Sua mãe ainda usa toalhinhas.
Hoje isso seria taxado de bullying. Naquela época eu desconhecia o teor do que ele bravejava, mas me sentia envergonhado ao levar de volta o tal embrulho. Mas era fato. Rapaz, eu compreendi. Mamãe, em seu período menstrual, usava toalhas higiênicas, de tecido, laváveis, enquanto minha irmã, mais moderna, usava absorventes descartáveis, gerando resíduos dispostos junto com o lixo comum da casa.
Depois da puberdade comecei a me barbear. Ganhei de presente um aparelho da Gilette igual ao de meu irmão e de meu pai. Orgulho. Esse aparelho os acompanhava desde rapazes. Era uma honraria; eu passava a ser um rapaz. Só precisaria trocar a lâmina a cada 4 dias. O que eu produzia de lixo? Apenas aquela lâmina pequena descartada com cuidado para evitar ferir o lixeiro. Adulto, fui levado a trocar o meu aparelho de barbear por um aparelho plástico que, uma vez por semana, ia pro lixo
Em 7 décadas presenciei inúmeras mudanças de hábitos provocadas pelo mercado de produtos de consumo, da fralda de pano, da toalhinha higiênica e da lâmina Gillete a muitos e muitos outros produtos que, em última instância, transformaram as pessoas em geradoras incansáveis de lixo.
Em 1991 fui convidado a moderar um evento em Curitiba, organizado pelo SENAI do Paraná, para mediar um dos painéis de um evento internacional em que o representante do Ministério do Meio Ambiente do Canadá fez uma exposição sobre a nova etapa que naquela ocasião era implantada pelo Plano Verde daquele País. Discorreu sobre os esforços na redução de embalagens mostrando o empenho e investimentos governamentais para que produtos chegassem ao consumidor com menor geração de resíduos.
Na introdução de seu discurso, o expositor falou que na etapa anterior o governo montou uma cadeia de distribuição de alimentos produzidos por hotéis e restaurantes que, ao final da noite, ao invés de descartarem no lixo  esses alimentos, os mesmos eram entregues a organizações sociais confiáveis como o Rotary cujos voluntários levavam esses alimentos para igrejas que distribuíam em forma de refeições a pessoas necessitadas. Uma cadeia do bem. Redução do impacto em aterros sanitários, envolvimento de voluntários, alimentação de pessoas carentes e transformação dos resíduos em esgotos.

No intervalo para o almoço, fomos convidados a um daqueles magníficos restaurantes em Santa Felicidade. Como de costume na região, nos foi apresentado um cardápio variado com serviço farto. Como nos é comum, depositávamos aparas da carne servida nos pratos de apoio, além de comermos de tudo um pouco. Nosso convidado estrangeiro participava incrédulo. Assistia à cena enquanto saboreava uma caipirinha. Num dado momento, mais solto (caipirinha ajuda bastante ...) ele nos disse: Sabe quando vocês terão um plano verde??? E deixou a pergunta no ar.
Estas palavras ainda ecoam em meu pensamento como pode ser notado neste texto.
Pois então, a dezembro de 2019, qual vinha sendo o nosso comportamento quanto aos resíduos que produzimos? Creio que o mesmo de agora, com raras exceções. Alguns esforços aqui e acolá devem ser reconhecidos como as restrições à fabricação de canudos plásticos e o incentivo ao uso de bolsas retornáveis nos supermercados, em substituição à orgia das sacolas plásticas. Mas, e do resto?
Resido num prédio na Tijuca, bairro de classe média. Na Cidade do Rio de Janeiro há uma Lei municipal que trata da coleta seletiva e a rua onde moro está inserida no roteiro duas vezes por semana. Faço a minha parte separando o lixo seco e descartando o lixo orgânico pelo duto da lixeira coletiva. Costumo higienizar o lixo sólido e deixá-lo num compartimento no andar em que o apartamento se localiza. Os empregados do condomínio são atenciosos e cumprem com suas obrigações. No entanto carecem de orientação adequada e, 4 vezes ao dia, recolhem o lixo seco de todos os andares num saco preto, misturando tudo o que encontram.  
Duas vezes por semana, a coleta desses resíduos é feita por um caminhão compactador do serviço público. Ou seja: plásticos, pets, vidros, latas, tudo é compactado formando um único tijolão que, mais adiante, vai ser depositado numa colônia de catadores. Pergunto: para catar o que, se está tudo junto e misturado?


Comungo com o conceito estabelecido pela ZWIA – Zero Waste International Alliance no que trata do Lixo Zero como uma meta ética, econômica, eficiente e visionária para guiar as pessoas a mudar seus modos de vidas e práticas de forma a incentivar os ciclos naturais sustentáveis, onde todos os materiais são projetados para permitir sua recuperação e uso pós-consumo.(¹)

Sim é possível e nesses momentos de isolamento social, quase de reclusão domiciliar, Gaia nos concede a oportunidade ímpar de disponibilidade de tempo para reflexões sobra a vida, de análise crítica de condutas e hábitos do cotidiano que impactam o Planeta que nos acolhe.
Cada um de nós pode considerar a alternativa de evitar a geração de lixo (recicláveis, orgânicos ou rejeitos) em nossas residências ou ocupações profissionais ou empresariais. É desafiante sem dúvida, mas edificante.  
Podemos destinar objetos sem uso para bazares de instituições filantrópicas, por exemplo. As tampinhas plásticas de refrigerantes, embalagens de leite e outras mais podem ser destinadas a projetos de reciclagem
E Você, que lê esse texto, certamente tem sugestões de como podemos ser mais generosos com Gaia, reduzindo o consumo desmedido e a disposição inadequada de resíduos. Assim, fica o desafio. Envie um comentário e diga como você entende ser possível repensar o que fazer com o Lixo. A coletânea de comentários será considerada e agregará valor a estas reflexões. E Gaia agradece.


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