De repente a Humanidade
se sente aturdida. Um ser microscópico surpreende a todos e mostra quem tem a
força: a Natureza.
A entidade que se mantém intacta e da qual todos nós somos
parte, não é a vida de cada um de nós, mas, no final das contas, o conjunto da
vida que há no planeta. (John Zachary Young em An introducing to the study of
Man 1971).
O ser humano se vê ameaçado pelo Coronavírus que surge de
uma nova mutação advinda de um surto de gripe aviária H5N1, em Wuhan, capital
da província de Hubei, na China, e que eclode mundo afora.
A prevenção contra a Pandemia que resulta da Covid 19 (Coronavirus
Disease 2019) altera hábitos culturais, abala a economia e confronta o
suposto poder bélico das poderosas nações.
A vida não se adaptou ao mundo inerte determinado pela mão
inerte da química e da física. Vivemos em um mundo construído por nossos
ancestrais, os antigos e os modernos, mantido continuamente por tudo que está
vivo hoje. Os organismos estão se adaptando em um mundo cujo estado material é
determinado pelas atividades de seus vizinhos; isto significa que a mutação do
ambiente é parte do jogo. (James Lovelock em As Eras de Gaia 1991)
E o ambiente está em
plena mutação. O progresso da Covid 19 pela Europa, a partir da Itália, passando
pela Espanha e em 16 de março de 2020 chegando à França, leva a medidas
extremas com o fechamento de fronteiras e o cerceamento do livre trânsito de
seus cidadãos, com consequências ainda de difícil mensuração. O impacto na
economia será fabuloso, sem dúvida. Mas também nas relações interpessoais.
Estamos numa guerra.
Isto requer mobilização geral. (Emmanuel Macron em comunicado público, 2020,
mar 17)
Neste momento coleciono
impressões, depoimentos e atitudes de pessoas com as quais mantenho contato. Perplexas,
muitas se sentem amedrontadas, outras tantas parecem estar sem rumo e com total
incerteza do que fazer no instante seguinte.
Há uma comoção pública,
quase pânico. Pessoas parecem imobilizadas pelas informações. Mas será essa a
atitude adequada, correta para a superação desse gigantesco desafio? Devemos
delegar às autoridades, aos cientistas, aos médicos, aos infectologistas, e só
a eles, a feitura do que se faz necessário? E Você que se dispõe a ler este texto,
o que pretende fazer diante de tantas orientações e do isolamento social?
Diante de grandes desafios como este que vivemos, precisamos de líderes que se disponham ao
"sacro-ofício" ou ofício santo de guiar os leigos na direção da
sensatez e tranquilidade neste momento indiscutível de crise humana
afirma acertadamente a professora e líder multidimensional Cristina Marques.
Nesse sentido, proponho
que se exclua o “I” e que nos mantenhamos MOBILIZADOS. Diferente
de sugerir que nos mantenhamos em movimento nas ruas, cumprimentando as pessoas
com as mãos, abraços ou beijos, contrariando as recomendações das autoridades
sanitárias, entendo que devemos estar atuantes em ações que contribuam para
minimizar o risco de pânico. Medo é uma companhia indesejável, costumo afirmar.
O medo paralisante cria letargia, subtraindo das pessoas a capacidade de construir
meios que contribuam para a solução.
Então, e CUMPRINDO COM
AS ORIENTAÇÕES DAS AUTORIDADES, como proponho que estejamos mobilizados? Aqui
vão algumas possíveis atitudes:
I – Informações e
reflexões
a) Manter-se
bem informado e por diferentes fontes de informação;
b) Confirmar
as mensagens recebidas, especialmente pelas redes de relacionamentos;
c) Controlar
o ímpeto de repassar textos e posts recebidos, por mais interessantes que pareçam
ser, triando o que é efetivamente importante e fiável;
d) Jamais
repassar informações sem ter a certeza de sua veracidade;
e) Saber
selecionar qual informação é relevante, evitando de entulhar as pessoas com
bobagens;
II – Higiene pessoal e
coletiva
f) Orientar pessoas de seu relacionamento
quanto as melhores práticas de profilaxia;
g) Quando
indispensável o deslocamento por transportes públicos utilizá-los em horários
de menor
procura por passageiros;
h) Evitar
colocar as mãos em corrimãos de escadas rolantes, em balaústres de ônibus e vagões,
puxadores de elevadores e maçanetas de sanitários;
i)
Lavar as mãos corretamente e com
frequência;
j)
Ao tossir ou espirrar, usar a parte
interna do cotovelo para evitar a dispersão de perdigotos;
k) Evitar
tocar a boca, o nariz e os olhos com as mãos;
l)
Jamais compartilhar objetos de uso
pessoal como talheres, toalhas, pratos e copos;
m) Evitar
aglomerações e ambientes confinados ou com pouca ventilação;
n) Usar
álcool gel quando tiver dificuldade de higienizar as mãos com água e sabão;
o) Adotar
medidas profiláticas junto às pessoas com as quais trabalha;
p) Adaptar
horários e condições de trabalho (p.e. teletrabalho) de seus colaboradores;
III – Colaboração com
terceiros
q) Avaliar
os impactos econômicos das medidas oficiais junto às pessoas de seu
relacionamento, ajudando-
as a equacionar soluções criativas;
r)
Imaginar soluções alternativas para que
a dinâmica de grupos (sociais, de trabalho, de voluntários, etc.)
se mantenha
mesmo diante do chamado isolamento social;
s) Identificar
e orientar pessoas de seu relacionamento que tenham contato com viajantes em retorno
de viagens ao exterior;
t) Interagir com a administração do prédio ou
da coletividade em que reside de modo que medidas
profiláticas sejam
implementadas;
u) Prestigiar
comunicações oficiais dos órgãos de serviços públicos que se mostrem eficazes
para a boa orientação da população;
v) Fazer
ligações para pessoas idosas de suas relações (via Face, Whatsapp, Skype e
outras formas
virtuais) sendo-lhes solidárias e levando diálogos de otimismo;
w) Recomendar
que as pessoas evitem fazer compras desnecessárias nos Hipermercados para
evitar um
outro problema, o desabastecimento;
x) Saber
separar as informações de caráter político das informações de efetiva utilidade
pública;
y) Ser
compreensível, solidário e proativo diante de desafios de relacionamento
familiar e com as pessoas de seu afeto e consideração.
Essas são algumas das
muitas atitudes de quem se mostra MOBILIZADO e disposto a ser um agente
da transformação desse cenário adverso.
A Humanidade já se viu
diante de inúmeros desafios, e os superou até chegarmos aonde nos encontramos.
A
mil chegará de dois mil não passará. (Michel de Nostredame 1503-1566)
Foram vencidas cinco
eras glaciais; duas grandes guerras mundiais; a peste negra de 1346 a 1353; a
pandemia de cólera de 1852 a 1860; a pandemia de influenza de 1889 a 1890; a
sexta pandemia de cólera de 1910 a 1911; a gripe espanhola de 1918 a 1919; a
gripe asiática de 1956 a 1958; a pandemia de gripe de 1968; a pandemia de AIDS
entre 2005 e 2012; e a gripe suína de 2009 a 2010, só para destacar alguns
desses mega desafios.
A capacidade de
superação e de adaptação do ser humano é inquestionável. Mas quantos, de quais
camadas sociais, são capazes de sobreviver? E quais as consequências para
verdadeiras hordas populacionais? Como será a nova ordem econômica? Essas e
muitas outras indagações requerem nossa mobilização em torno de análise dos
cenários e planejamento de ações.
Na época dos Bondes no
Brasil haviam cartazes de propaganda que diziam: Tudo na vida é passageiro,
exceto o trocador e o motorneiro. Essa fase dramática é passageira,
certamente. Mas quanto tempo durará, quais as suas consequências e como será o
novo contexto mundial, dos países, das regiões e dos locais em que as pessoas
vivem, são inquietudes para as quais só teremos resposta num futuro
indeterminado.
Nesses momentos,
acredito que a melhor postura perante a vida seja ser confiante, mantendo
sempre a alegria de viver. E nada melhor
que lembrar Lenine em Paciência (1999):
E, então, eu concluo: E
você, leitor e leitora deste texto, como se sente? De minha parte, o combate ao
vírus está me mobilizando ao extremo, porém com absoluta serenidade e compreensão
de que a Humanidade é a nossa missão e de que nós, seres humanos, somos parte
integrante da Natureza compondo o conjunto da vida (num sentido amplo e irrestrito) que há
no planeta.