terça-feira, 17 de março de 2020

O combate ao vírus está te (i) mobilizando???


De repente a Humanidade se sente aturdida. Um ser microscópico surpreende a todos e mostra quem tem a força: a Natureza.

A entidade que se mantém intacta e da qual todos nós somos parte, não é a vida de cada um de nós, mas, no final das contas, o conjunto da vida que há no planeta. (John Zachary Young em An introducing to the study of Man 1971).
O ser humano se vê ameaçado pelo Coronavírus que surge de uma nova mutação advinda de um surto de gripe aviária H5N1, em Wuhan, capital da província de Hubei, na China, e que eclode mundo afora.
A prevenção contra a Pandemia que resulta da Covid 19 (Coronavirus Disease 2019) altera hábitos culturais, abala a economia e confronta o suposto poder bélico das poderosas nações.
A vida não se adaptou ao mundo inerte determinado pela mão inerte da química e da física. Vivemos em um mundo construído por nossos ancestrais, os antigos e os modernos, mantido continuamente por tudo que está vivo hoje. Os organismos estão se adaptando em um mundo cujo estado material é determinado pelas atividades de seus vizinhos; isto significa que a mutação do ambiente é parte do jogo. (James Lovelock em As Eras de Gaia 1991)
E o ambiente está em plena mutação. O progresso da Covid 19 pela Europa, a partir da Itália, passando pela Espanha e em 16 de março de 2020 chegando à França, leva a medidas extremas com o fechamento de fronteiras e o cerceamento do livre trânsito de seus cidadãos, com consequências ainda de difícil mensuração. O impacto na economia será fabuloso, sem dúvida. Mas também nas relações interpessoais.




Estamos numa guerra. Isto requer mobilização geral. (Emmanuel Macron em comunicado público, 2020, mar 17)
Neste momento coleciono impressões, depoimentos e atitudes de pessoas com as quais mantenho contato. Perplexas, muitas se sentem amedrontadas, outras tantas parecem estar sem rumo e com total incerteza do que fazer no instante seguinte.
Há uma comoção pública, quase pânico. Pessoas parecem imobilizadas pelas informações. Mas será essa a atitude adequada, correta para a superação desse gigantesco desafio? Devemos delegar às autoridades, aos cientistas, aos médicos, aos infectologistas, e só a eles, a feitura do que se faz necessário? E Você que se dispõe a ler este texto, o que pretende fazer diante de tantas orientações e do isolamento social? Diante de grandes desafios como este que vivemos, precisamos de líderes que se disponham ao "sacro-ofício" ou ofício santo de guiar os leigos na direção da sensatez e tranquilidade neste momento indiscutível de crise humana afirma acertadamente a professora e líder multidimensional Cristina Marques.
Nesse sentido, proponho que se exclua o “I” e que nos mantenhamos MOBILIZADOS. Diferente de sugerir que nos mantenhamos em movimento nas ruas, cumprimentando as pessoas com as mãos, abraços ou beijos, contrariando as recomendações das autoridades sanitárias, entendo que devemos estar atuantes em ações que contribuam para minimizar o risco de pânico. Medo é uma companhia indesejável, costumo afirmar. O medo paralisante cria letargia, subtraindo das pessoas a capacidade de construir meios que contribuam para a solução.
Então, e CUMPRINDO COM AS ORIENTAÇÕES DAS AUTORIDADES, como proponho que estejamos mobilizados? Aqui vão algumas possíveis atitudes:

I – Informações e reflexões
            a)      Manter-se bem informado e por diferentes fontes de informação;
            b)      Confirmar as mensagens recebidas, especialmente pelas redes de relacionamentos;
            c)       Controlar o ímpeto de repassar textos e posts recebidos, por mais interessantes que pareçam ser,                       triando o que é efetivamente importante e fiável;
           d)      Jamais repassar informações sem ter a certeza de sua veracidade;
           e)      Saber selecionar qual informação é relevante, evitando de entulhar as pessoas com bobagens;

II – Higiene pessoal e coletiva
            f)         Orientar pessoas de seu relacionamento quanto as melhores práticas de profilaxia;
            g)       Quando indispensável o deslocamento por transportes públicos utilizá-los em horários de menor 
                    procura por passageiros;
            h)     Evitar colocar as mãos em corrimãos de escadas rolantes, em balaústres de ônibus e vagões, 
                    puxadores de elevadores e maçanetas de sanitários;
            i)         Lavar as mãos corretamente e com frequência;
            j)         Ao tossir ou espirrar, usar a parte interna do cotovelo para evitar a dispersão de perdigotos;
           k)         Evitar tocar a boca, o nariz e os olhos com as mãos;
            l)         Jamais compartilhar objetos de uso pessoal como talheres, toalhas, pratos e copos;
          m)         Evitar aglomerações e ambientes confinados ou com pouca ventilação;
           n)         Usar álcool gel quando tiver dificuldade de higienizar as mãos com água e sabão;
           o)         Adotar medidas profiláticas junto às pessoas com as quais trabalha;    
           p)        Adaptar horários e condições de trabalho (p.e. teletrabalho) de seus colaboradores;

III – Colaboração com terceiros
          q)      Avaliar os impactos econômicos das medidas oficiais junto às pessoas de seu relacionamento, ajudando-
                 as a equacionar soluções criativas;
          r)        Imaginar soluções alternativas para que a dinâmica de grupos (sociais, de trabalho, de voluntários, etc.) 
                  se mantenha mesmo diante do chamado isolamento social;
          s)      Identificar e orientar pessoas de seu relacionamento que tenham contato com viajantes em retorno de                 viagens ao exterior;
          t)       Interagir com a administração do prédio ou da coletividade em que reside de modo que medidas 
                 profiláticas sejam implementadas;
          u)     Prestigiar comunicações oficiais dos órgãos de serviços públicos que se mostrem eficazes para a boa                orientação da população;
          v)       Fazer ligações para pessoas idosas de suas relações (via Face, Whatsapp, Skype e outras formas 
                 virtuais) sendo-lhes solidárias e levando diálogos de otimismo;
          w)     Recomendar que as pessoas evitem fazer compras desnecessárias nos Hipermercados para evitar um 
                 outro problema, o desabastecimento;
          x)       Saber separar as informações de caráter político das informações de efetiva utilidade pública;
          y)       Ser compreensível, solidário e proativo diante de desafios de relacionamento familiar e com as pessoas              de seu afeto e consideração.
Essas são algumas das muitas atitudes de quem se mostra MOBILIZADO e disposto a ser um agente da transformação desse cenário adverso.
A Humanidade já se viu diante de inúmeros desafios, e os superou até chegarmos aonde nos encontramos.








A mil chegará de dois mil não passará. (Michel de Nostredame 1503-1566)


Foram vencidas cinco eras glaciais; duas grandes guerras mundiais; a peste negra de 1346 a 1353; a pandemia de cólera de 1852 a 1860; a pandemia de influenza de 1889 a 1890; a sexta pandemia de cólera de 1910 a 1911; a gripe espanhola de 1918 a 1919; a gripe asiática de 1956 a 1958; a pandemia de gripe de 1968; a pandemia de AIDS entre 2005 e 2012; e a gripe suína de 2009 a 2010, só para destacar alguns desses mega desafios.
A capacidade de superação e de adaptação do ser humano é inquestionável. Mas quantos, de quais camadas sociais, são capazes de sobreviver? E quais as consequências para verdadeiras hordas populacionais? Como será a nova ordem econômica? Essas e muitas outras indagações requerem nossa mobilização em torno de análise dos cenários e planejamento de ações.
Na época dos Bondes no Brasil haviam cartazes de propaganda que diziam: Tudo na vida é passageiro, exceto o trocador e o motorneiro. Essa fase dramática é passageira, certamente. Mas quanto tempo durará, quais as suas consequências e como será o novo contexto mundial, dos países, das regiões e dos locais em que as pessoas vivem, são inquietudes para as quais só teremos resposta num futuro indeterminado.
Nesses momentos, acredito que a melhor postura perante a vida seja ser confiante, mantendo sempre a alegria de viver.  E nada melhor que lembrar Lenine em Paciência (1999):



E, então, eu concluo: E você, leitor e leitora deste texto, como se sente? De minha parte, o combate ao vírus está me mobilizando ao extremo, porém com absoluta serenidade e compreensão de que a Humanidade é a nossa missão e de que nós, seres humanos, somos parte integrante da Natureza compondo o conjunto da vida (num sentido amplo e irrestrito) que há no planeta.














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