sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Amanhã ... quem o fará (3)

As reflexões que tenho feito sobre o futuro partem de uma conversa que tive com um jovem que admiro, com bom berço, família bem estruturada de classe média alta, que aos quinze anos de idade sentenciou, quando lhe indaguei o que pretendia fazer na sua formação como adulto (uma pergunta recorrente que lhe faço vez em quando ...): "Joper, penso em me mudar para um outro País. Aqui está tudo errado. muita violência, corrupção, crise ... quero outra vida pra mim". 
Conversávamos sobre a inauguração do Museu do Amanhã e ele complementava: "A saúde em crise e o Governo inaugura um Museu. Tudo errado ...."
Argumentei as razões pela qual o Museu era importante, embora os cuidados com a saúde pública o fossem mais ainda. Disse-lhe que o Museu, assim como a revitalização do Porto do Rio, eram fruto do investimento de capitais privados. Lembrei o quanto era importante para as comunidades da região, tão abandonadas por décadas, e das proximidades, como as do Complexo do Alemão e da Maré seriam beneficiadas indiretamente pela oferta de empregos gerados pelas obras em curso na Praça Mauá e adjacências.
Nenhum argumento funcionava. Ele estava convencido de que deveria sair do País para viver sua vida. Foi quando me ocorreu lembrar que nem todos os jovens pensavam como ele e exemplifiquei com o jovem Prefeito da Capital. Disse-lhe então: "O que seria da Cidade Maravilhosa se um menino de 15 anos chamado Eduardo Paes, há pouco tempo atrás, tivesse ido para o exterior? Como estaria nossa Cidade hoje em dia? Melhor ou pior? Amanhã, quem o fará?"
Esse parece ter sido o único argumento para fazer meu jovem amigo Juninho refletir. Ele silenciou e ficou pensando naquelas palavras. Qual será sua decisão, só o tempo dirá. 
Hoje pela manhã, neste primeiro dia de um novo ano, leio na coluna de Ancelmo Gois para O Globo, no artigo intitulado Bye, bye, Brasil"O Brasil passa por um momento de pessimismo tão grande que um conceituado economista prevê aumento expressivo do número dos que querem ir embora. E não apenas os ricos, que, em geral, mandam a grana na frente. Assusta um possível êxodo dos mais pobres, quase sempre gente mais empreendedora que topa sacrifícios para dar uma chance a seus filhos; É pena."
Permaneço na minha convicção de que precisamos fazer de tudo para atrair os jovens para enfrentar nossos desafios dentro de nossas fronteiras. E, a propósito, relembro as palavras do empresário Antenor de Barros Leal Filho em meu livro  Construindo o Futuro - Novas Gerações na Trilha da Responsabilidade Social (Editorio, 2013): " O Brasil tem que arregaçar as mangas, equipar seus competidores e instruir seus contendores para esta corrida formidável pelo progresso. Ou faz isso através dos jovens, ou estará condenado à mediocridade crescente e excludente."
Eu prefiro ficar com o Brasil que arregaça as mangas, com o otimismo realista e perseverança.

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