É muito comum qualificar-se a
sensação de segurança como “boa” ou “ruim” quando se trata das questões de proteção,
salvaguarda, preservação da vida ou do patrimônio. Sensação de segurança
pública.
Mas existem outras “sensações
de segurança” que precisam ser consideradas e respeitadas por autoridades e
pelo cidadão comum. Por exemplo, a segurança alimentar, termo usado desde a Primeira
Grande Guerra quando países da Europa se deram conta do risco da dominação pelo
corte de suprimentos, a alimentação como uma arma poderosa.
Há, também, a segurança hídrica
denominação adotada para a busca da garantia da disponibilidade de água em seus
diversos usos, envolvendo a gestão dos riscos para a população e o ambiente, notadamente
quando se trata de secas, inundações e falhas de gestão de bacias e mananciais.
O episódio
recente, causado pela turbidez da água, odor e sabor em alguns bairros da
Cidade do Rio de Janeiro, pode colocar em risco a sensação de segurança que o consumidor
tem há décadas sobre a água potável que lhe é entregue diuturnamente pela
operadora – a Companhia Estadual de Águas e Esgotos.
Há
décadas a qualidade da água obedece aos padrões de potabilidade estabelecidos
pela legislação brasileira que, por sua vez, são alinhados com padrões da
Organização Mundial da Saúde. Além do controle da qualidade exercido por
equipes técnicas altamente qualificadas da própria operadora, a potabilidade é
assegurada por órgãos públicos de diferentes esferas, cujos laboratórios tem
profissionais independentes e de formação adequada.
Valorizar
a água servida, traz a sensação de segurança por parte da população.
Enquanto
a CEDAE tranquiliza seus clientes com
providências adotadas e notas oficias, enquanto os órgãos de fiscalização
sanitária municipal emitem laudos reconhecendo a boa qualidade para consumo
humano, mensagens apócrifas são veiculadas pelas redes sociais, verdadeiros
ataques de fakes são disparados
alarmando as pessoas. Além dessas falsas verdades, textos foram publicados em
sites de duas universidades (uma federal e outra estadual do Rio de Janeiro),
assinados por profissionais do meio acadêmico que, por mais bem intencionados que
sejam, causam pânico e insegurança na população, servindo como reforço para as
falsas verdades.
Como
resultado do texto que publiquei sob o título O Nosso Maior Patrimônio Líquido
Merece Ser Valorizado, tenho recebido uma quantidade significativa de consultas
de pessoas de meu relacionamento pessoal duvidosas sobre em que versão confiar.
Depoimentos curiosos como de alguém que informa que no condomínio em que reside
um senhor teve diarreia que só pode ter sido provocada pela água, sem analisar
a situação de que todos os outros moradores que se abastecem da mesma água nada
sofreram.
Uma
sugestão que faço, de modo a contribuir para a manutenção da sensação de
segurança quanto a qualidade da água, é que todos, sem exceção, sejam do meio
acadêmico, jornalístico ou de qualquer outro segmento formador de opinião,
tenham a clara noção dos reflexos de suas falas e de seus textos.
Lembrar O Pequeno Pincipe, de Saint
Exupery, é prudente: “Tu te tornas eternamente responsável por
aquilo que cativas". Atenção, senhoras e senhores. O que fazemos no
presente, pode manter a sensação de segurança nesse liquido vital, ou abala-la por grande
tempo. Se a intenção é melhorar os processos de tratamento que o façam pelos
canais competentes, sem causar maior instabilidade junto aos pouco informados
ou aos mal intencionados.
Eu tenho feito a minha parte - esclarecer com
equilíbrio a quem me consulta. O por-fazer é só com Deus.
Joper Padrão
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