segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

As muitas “sensações de segurança”


É muito comum qualificar-se a sensação de segurança como “boa” ou “ruim” quando se trata das questões de proteção, salvaguarda, preservação da vida ou do patrimônio. Sensação de segurança pública.
Mas existem outras “sensações de segurança” que precisam ser consideradas e respeitadas por autoridades e pelo cidadão comum. Por exemplo, a segurança alimentar, termo usado desde a Primeira Grande Guerra quando países da Europa se deram conta do risco da dominação pelo corte de suprimentos, a alimentação como uma arma poderosa.
Há, também, a segurança hídrica denominação adotada para a busca da garantia da disponibilidade de água em seus diversos usos, envolvendo a gestão dos riscos para a população e o ambiente, notadamente quando se trata de secas, inundações e falhas de gestão de bacias e mananciais.
O episódio recente, causado pela turbidez da água, odor e sabor em alguns bairros da Cidade do Rio de Janeiro, pode colocar em risco a sensação de segurança que o consumidor tem há décadas sobre a água potável que lhe é entregue diuturnamente pela operadora – a Companhia Estadual de Águas e Esgotos.
Há décadas a qualidade da água obedece aos padrões de potabilidade estabelecidos pela legislação brasileira que, por sua vez, são alinhados com padrões da Organização Mundial da Saúde. Além do controle da qualidade exercido por equipes técnicas altamente qualificadas da própria operadora, a potabilidade é assegurada por órgãos públicos de diferentes esferas, cujos laboratórios tem profissionais independentes e de formação adequada.
Valorizar a água servida, traz a sensação de segurança por parte da população.
Enquanto a CEDAE tranquiliza seus clientes  com providências adotadas e notas oficias, enquanto os órgãos de fiscalização sanitária municipal emitem laudos reconhecendo a boa qualidade para consumo humano, mensagens apócrifas são veiculadas pelas redes sociais, verdadeiros ataques de fakes são disparados alarmando as pessoas. Além dessas falsas verdades, textos foram publicados em sites de duas universidades (uma federal e outra estadual do Rio de Janeiro), assinados por profissionais do meio acadêmico que, por mais bem intencionados que sejam, causam pânico e insegurança na população, servindo como reforço para as falsas verdades.
Como resultado do texto que publiquei sob o título O Nosso Maior Patrimônio Líquido Merece Ser Valorizado, tenho recebido uma quantidade significativa de consultas de pessoas de meu relacionamento pessoal duvidosas sobre em que versão confiar. Depoimentos curiosos como de alguém que informa que no condomínio em que reside um senhor teve diarreia que só pode ter sido provocada pela água, sem analisar a situação de que todos os outros moradores que se abastecem da mesma água nada sofreram.
Uma sugestão que faço, de modo a contribuir para a manutenção da sensação de segurança quanto a qualidade da água, é que todos, sem exceção, sejam do meio acadêmico, jornalístico ou de qualquer outro segmento formador de opinião, tenham a clara noção dos reflexos de suas falas e de seus textos.
Lembrar O Pequeno Pincipe, de Saint Exupery, é prudente: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas". Atenção, senhoras e senhores. O que fazemos no presente, pode manter a sensação de segurança  nesse liquido vital, ou abala-la por grande tempo. Se a intenção é melhorar os processos de tratamento que o façam pelos canais competentes, sem causar maior instabilidade junto aos pouco informados ou aos mal intencionados.
Eu tenho feito a minha parte - esclarecer com equilíbrio a quem me consulta. O por-fazer é só com Deus.
Joper Padrão

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