sábado, 25 de abril de 2020

A pandemia nos ensina: Preserve o Planeta Terra


Até novembro de 2019 tudo ia como sempre vinha sendo. Mudanças climáticas evidentes eram debatidas pelos políticos e as teses cientificas eram contestadas por uns poucos mandatários.
“Não acredito." Com estas palavras o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, derruba 1.656 páginas de um relatório que detalha os devastadores efeitos da mudança climática para a economia, a saúde e o meio ambiente. Pouco ou nada importa ao mandatário que o estudo seja respaldado por 300 cientistas de 13 agências federais, e que sua preparação seja uma exigência legal. (El Pais 2018, nov 27 (¹)
Sustentados pelo poderio bélico, mais que pela força econômica de seus países, esses céticos se sentiam soberanos sobre a Natureza. Capazes de ignorar os sinais nefastos das intervenções humanas sobre o planeta do qual surgiram todas as espécies de vida.
Generosa, a Natureza sofria as consequências, mas nem por isso deixava de prover condições para que as várias vidas dela se sustentassem.
Poluição do ar, da água, desmatamento, desertificação de terras férteis, perda da biodiversidade, acúmulo de dióxido de carbono na atmosfera, e exploração dos recursos naturais em proporções muito superiores às que a Terra era capaz de repor, eram sintomas evidentes.

 Miséria, fome, falta de acesso a água potável e saneamento, desigualdades sociais graves, e guerras, por exemplo, de um lado; opulência, consumo exagerado, queima desmedida de combustíveis fósseis, investimentos bélicos colossais, palácios suntuosos, só para citar alguns pontos, de outro faziam o quadro do paradoxo da dita evolução da Humanidade.
Ao longo da História a Terra se sacudiu algumas vezes como um animal que acaba de se banhar. Tudo na Terra é dinâmico, nada é estatíco.
Evidências geológicas, químicas e paleontológicas indicam a ocorrência de cinco eras glaciais: Donau – há cerca de 2 milhões de anos; Günz, há 700 mil anos; Mindel há aproximadamente 500 mil anos; Riss, há 300 mil anos e Würm - há cerca de 150 mil anos.
Em outras ocasiões mais recentes, a Humanidade experimentou a força da Natureza expressa por grandes crises de saúde: a Peste Negra; Pandemias de Cólera, de Influenza e de AIDIS; e as Gripes Espanhola, Asiática e Suína só para lembrar algumas, além de se manifestar por meio de fenômenos naturais como tornados, tufões, terremotos, maremotos, e tsunamis.
Esses inúmeros episódios marcam a História de uma Terra viva. Sim, Terra Viva: Pacha Mama (do quíchua Pacha, que significa universo, mundo, tempo ou lugar, e Mama, mãe, Mãe Terra)  a deidade máxima dos povos indígenas dos Andes centrais, ou Gaia na mitologia grega simbolizando a Mãe-Terra como elemento primordial e latente de uma potencialidade geradora imensa.



Aliás, reconhecer que a Terra está viva provavelmente é tão antigo quanto a própria Humanidade. A primeira expressão pública desta ideia como fato científico é de um cientista escocês, James Hutton em 1785. Mais recentemente o britânico James Lovelock expandiu essa tese com a Teoria de Gaia, elaborando a biografia da Nossa Terra Viva, em que nos apresenta a Terra como um sistema de vida coerente, autorregulador e auto mutante, uma espécie de imenso organismo vivo.

A relação do ser humano com a Terra nos faz ter a falsa ideia de uma prevalência. Ledo engano. Muitas são as espécies de vida em Gaia, e a vida humana talvez seja uma das mais recentes nessa evolução. Vírus, bactérias, protozoários, fungos provavelmente sejam mais antigos que o os animais. Entretanto, algumas espécies de vida são incompatíveis com outras e especialmente com a pessoa humana. Por isso, para que esta (a pessoa humana) goze de boa saúde, precisa se proteger daqueles. Daí, na evolução da ciência médica, serem desenvolvidas antibióticos e vacinas. Contudo, é preciso saber que sempre conviveremos com o desafio de sobreviver mesmo sabendo que esses vírus, bactérias, protozoários e fungos aqui estarão e, mais ainda, se adaptando ao ambiente perpetuando as suas espécies. É um dos desafios que a Natureza nos impõe.

A partir de dezembro de 2019 a Humanidade se viu abalada pela mutação do Coronavírus. Uma espécie nova? Negativo, pois é conhecida desde meados de 1960. Em sua última mutação provoca uma síndrome respiratória aguda grave denominada pela medicina como Covid19 (Coronarus disease 2019). Uma doença nova para a qual se desconhece, até aqui, o medicamento para sua neutralização e, muito menos, uma vacina para proteção. Covid19 que compromete e expõe os sistemas de saúde de todo o mundo. Covid19 que eleva o número de óbitos espantosamente por todos os países, atacando homens e mulheres independente de classe social, faixa etária, etnia, religião, seja lá o que for.

O novo Coronavírus é caprichoso. Ao invés de circular pelo ar, o seu contágio se dá pelo contato. Por isso, impõe a um ser gregário por natureza – o ser humano, o distanciamento uns dos outros. Perverso, para reduzir a sua ação de contágio, ele afasta as pessoas de tudo, confinando grande parte da população mundial em seus habitats e deixando a mercê dos acontecimentos aqueles tantos que carecem de habitação.

Com o isolamento social os estabelecimentos são fechados, inclusive as escolas e templos religiosos. Os negócios despencam. Uma situação surreal.

Porém, em poucos meses, a Natureza segue o seu rumo em equilíbrio e fenômenos até então inimagináveis passam a ser documentados por satélites ou imagens. A poluição do ar reduz a níveis que, comparados com o mesmo período do ano anterior, mostram sensíveis melhoras: Em Nova York, as emissões de monóxido de carbono oriundas de automóveis diminuiu 50% em comparação ao ano passado, segundos dados de pesquisadores da Universidade de Columbia revelados à BBC (²).Os canais de Veneza, até então bastante poluídos, passam a ter águas cristalinas pelas quais, ao invés das gondolas, águas vivas passeiam vindas do Mar Adriático: Em meio a pandemia do novo coronavírus que fez o governo italiano impor medidas de isolamento social, as águas dos canais de Veneza ficaram mais cristalinas e receberam a visita inusitada de uma grande água-viva. (³)

A pergunta que persiste em nossa inquietude é: Estaremos nós, os seres humanos, compreendendo o ensinamento de Gaia para uma de suas espécies?  Estaremos dispostos a alterar o rumo de nossa suposta evolução impondo danos à Natureza?

Um grande banco afirma na sua campanha institucional intitulada Reinventando o Futuro. O filme mostra pessoas em situações novas, em que tiveram que “desaprender e reaprender” outros formatos para trabalhar (em casa ou mesmo em uma nova configuração nos escritórios), se conectar, se exercitar, se relacionar e exercer a criatividade para passar o tempo. E, na locução final, exalta: Até tudo voltar ao normal; e tudo vai voltar ao normal. Reinvente o futuro! (3)

 A que “normal” se sonha voltar? Se pensarmos que o normal será igual ao de antes, estamos nos iludindo redondamente. Um novo normal surgirá. Como ele será? Pouco sabemos projetar nesse momento. O certo é: O novo normal será diferente daquele a que estávamos acostumados, em incalculáveis sentidos.

O Coronavirus nos indica: é necessário saltar da zona de conforto para a zona de crescimento da raça humana. Nessa transição passamos por 4 etapas. 

Partindo da zona de conforto (aquela em que duas palavras de um mandatário eram capazes de ignorar os alertas de experts), devemos passar pela zona do medo (aquela em que nos encontramos nesse momento da Pandemia), evoluindo pela zona do aprendizado (em que precisaremos rever a conduta da sociedade em sua relação com a Natureza), até chegarmos a zona do crescimento (ao novo normal que há de estabelecer).


Estas reflexões tratam de algo novo? Pois bem, um brasileiro, empresário da Cidade de Santos, dinâmico homem de visão, ao assumir a função de Presidente mundial de uma organização dedicada a apoiar e desenvolver projetos humanitários voltados à paz e compreensão entre os homens - o Rotary International, deu início ao Programa Preserve o Planeta Terra, afirmava: Somos os herdeiros da Terra e a nós cabe defendê-la, protegê-la e preservá-la não só para nós mesmos, mas para nossos filhos e para os filhos de nossos filhos. (4) Que a lição desse autêntico visionário inspire a geração atual a mudar o rumo da história, construindo o novo normal em harmonia com a Natureza, da qual o homem é parte integrante.










Nenhum comentário:

Postar um comentário